sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

RÉQUIEM PARA UM AMOR SEM FIM



Olhou com olhos de avó, tocou o bebê com cuidados exagerados de avó. Beijou com muito amor a testa da primeira netinha. E sentiu então que havia caminhado rápido estas quatro décadas. Maria da conceição sentiu-se realizada, casou, separou, criou as três filhas e compôs uma poesia.
A noite a jovem avó foi ao rock, acompanhada da outra filha de vinte, ambas usavam preto. A filha de bermudinha, ela, um vestido preto com detalhe prateado aos ombros, contornando os seios de matrona que já possuia, pulseiras prateadas em ambos os braços, sandália e brincos prateados. Foi vestida de Surfista Prateado, sugar emoções. Tanto menino, tanta menina. Juventude feliz e alcolizada. E ela lá, undergrund, a filha ficou chata, essas angústias da mocidade. Ela arranjou namorado roqueiro e a filha não.
Legal essa cendeirice da maria. Amor de homem jovem... primeiro ela disse que não, se ele tivesse dezessete daria processo, ele apressou-se em dizer que tinha vinte e um. Que o peito dela, a bunda dela, valeria até o inferno, prisão então. Menino atrevido, pegada de homem. Maria da conceição caiu.
Ele lhe abraçava namoradinho, coração batendo forte como a bateria da banda no palco. Poesia. Sabe-se o que é aos quarenta anos só chamar namorado de amigo. O seu coração que há muito não estava ali, havia sido sequestrado por um poeta do mal, finalmente havia sido devolvido.
O nome do louro namoradinho, José Querubim, nome da banda dele, Funeral.


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RÊ BORDOSA

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