Papai te ama. A menininha morena ouvia essas palavras e apertava a boneca, o urso de pelúcia, a bola, o que tivesse à mão como forma de se proteger. O papai quando ninguém estava olhando lhe fazia carícias estranhas. Passava a mão devagarinho em seu sexo, beijava. Abraçava-a com força, sempre repetindo que a amava. Sua princesinha. Depois começaram as brigas com a mãe, papai então parecia mais exigente, violento em suas carícias.
Um dia mamãe e nem o irmão estavam, papai que quase não saia, pois trabalhava numa oficina na própria casa. Papai lhe mostrou o pinto, aquela parte que a mãe diz que não devemos curiar nos meninos. Levou um susto, o pai, sempre dizendo que a amava, obrigou-a pegar, colocar na boca. Já as lágrimas... papai te ama. Te odeio, papai. Levou um tapa. E a recomendação que apanharia mais se falasse para alguém "que se amavam".
Domingo no catecismo, o padre falara de amor a pai e mãe, um dos mandamentos de deus. Sentiu-se culpada. Sua alma começava a crepitar no inferno. Odiava o pai. Desejava que um carro o atropelasse. Mas deus não a socorria, não ouvia seus pedidos de morte. Deus é bom. Ela era má. Seu pai a amava, com seus beijos nojentos, sua mão asquerosa por todo seu corpo, seu pênis, que ela recusava a olhar, mesmo em suas mãos, esfregado em sua pequena vagina. Só sentia uma dor, mas não era uma dor física, era uma dor na alma, daquelas que sentimos quando estamos acuados, sem saída, desesperados, sem ajuda. Uma dor benígna que nos leva para fora do corpo, nos dar torpor.
Um dia o pai a abraçava, estava com raíva da mãe, muita raíva. Penetrou seu pequeno orifício, todos os orifícios existentes em seu corpo, com dezenove centímetros de carne, com violência, puxando seus cabelos, tapando sua boca, fazendo-a sangrar. Sua alma apavorada, em torpor, refém do ladrão de sonhos, talvez, esperemos tenha levado-a sem dor para o outro mundo. Como diz os espíritas, desencarnou, ela irá continuar a crescer no mundo espiritual, como diz os umbandistas, encantou-se, e é uma entidade que anda sobre as águas. Os católicos esperarão a confirmação dos milagres, e com muita burocracia talvez seja beatificada.
Na manhã seguinte, todas as outras mães estavam como um grupo de mães chipanzés, fazendo muito barulho. A proibição do incesto está na invenção da cultura, segundo Lévi-Strauss. Fim do mundo dizem as mulheres mais velhas, pai comendo a própria filha. Todas as mães se sentem culpadas, como as mães chipanzés que cuidam uma dos filhos das outras. Não a protegemos. Não cortamos o falo do mal desse pai.
De toda a história de repressão ao direito a sexualidade e prazer para as mulheres, nesse momento de liberalidade, pós anos sessenta, conquista do mercado de trabalho, livre orientação sexual, nos acontece com frequência o incesto, o defloramento da menina pelo próprio pai. Esse roubo da inocência, da fantasia, do sonho e do percurso normal para que alguém que não nasce, mas se torna mulher, como bem diz, a mãe, Simone de Beavoir, parideira de idéias.
O pai foi brutalmento serviciado na cadeia. Morreu de estupro.
Um dia mamãe e nem o irmão estavam, papai que quase não saia, pois trabalhava numa oficina na própria casa. Papai lhe mostrou o pinto, aquela parte que a mãe diz que não devemos curiar nos meninos. Levou um susto, o pai, sempre dizendo que a amava, obrigou-a pegar, colocar na boca. Já as lágrimas... papai te ama. Te odeio, papai. Levou um tapa. E a recomendação que apanharia mais se falasse para alguém "que se amavam".
Domingo no catecismo, o padre falara de amor a pai e mãe, um dos mandamentos de deus. Sentiu-se culpada. Sua alma começava a crepitar no inferno. Odiava o pai. Desejava que um carro o atropelasse. Mas deus não a socorria, não ouvia seus pedidos de morte. Deus é bom. Ela era má. Seu pai a amava, com seus beijos nojentos, sua mão asquerosa por todo seu corpo, seu pênis, que ela recusava a olhar, mesmo em suas mãos, esfregado em sua pequena vagina. Só sentia uma dor, mas não era uma dor física, era uma dor na alma, daquelas que sentimos quando estamos acuados, sem saída, desesperados, sem ajuda. Uma dor benígna que nos leva para fora do corpo, nos dar torpor.
Um dia o pai a abraçava, estava com raíva da mãe, muita raíva. Penetrou seu pequeno orifício, todos os orifícios existentes em seu corpo, com dezenove centímetros de carne, com violência, puxando seus cabelos, tapando sua boca, fazendo-a sangrar. Sua alma apavorada, em torpor, refém do ladrão de sonhos, talvez, esperemos tenha levado-a sem dor para o outro mundo. Como diz os espíritas, desencarnou, ela irá continuar a crescer no mundo espiritual, como diz os umbandistas, encantou-se, e é uma entidade que anda sobre as águas. Os católicos esperarão a confirmação dos milagres, e com muita burocracia talvez seja beatificada.
Na manhã seguinte, todas as outras mães estavam como um grupo de mães chipanzés, fazendo muito barulho. A proibição do incesto está na invenção da cultura, segundo Lévi-Strauss. Fim do mundo dizem as mulheres mais velhas, pai comendo a própria filha. Todas as mães se sentem culpadas, como as mães chipanzés que cuidam uma dos filhos das outras. Não a protegemos. Não cortamos o falo do mal desse pai.
De toda a história de repressão ao direito a sexualidade e prazer para as mulheres, nesse momento de liberalidade, pós anos sessenta, conquista do mercado de trabalho, livre orientação sexual, nos acontece com frequência o incesto, o defloramento da menina pelo próprio pai. Esse roubo da inocência, da fantasia, do sonho e do percurso normal para que alguém que não nasce, mas se torna mulher, como bem diz, a mãe, Simone de Beavoir, parideira de idéias.
O pai foi brutalmento serviciado na cadeia. Morreu de estupro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário