quarta-feira, 27 de agosto de 2008

MERDA


Só em 1980 soube-se da morte do filho de Stalin, Iakov, por um artigo publicado em Sunday Times. Prisioneiro de guerra na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, ele ficou num campo de concentração junto com oficiais ingleses. Tinham latrinas comuns. O filho de Stalin sempre as deixava sujas. Os ingleses não gostavam de ver as latrinas sujas de merda, mesmo que fosse a merda do filho do homem mais poderoso do universo. Chamaram-lhe a atenção. Ficou aborrecido. Repetiram as reclamações e o obrigaram a limpar as latrinas. Ele se zangou, vociferou, brigou. Finalmente pediu uma audiência ao comandante do campo. Queria que ele fosse o árbitro da discussão. Mas o alemão estava muito convencido de sua importância para discutir a repeito de merda. O filho de Stalin não pôde suportar a humilhação. Bradando aos céus atrozes palavrões russos, jogou-se contra a cerca de alta-tensão que cercava o campo. Deixou-se cair sobre os fios. Seu corpo, que nunca mais sujaria as latrinas britânicas, ficou ali dependurado.

... O filho de Stalin perdeu a vida por merda. Mas morrer por merda não é morrer de modo absurdo. Os alemães que sacrificaram a vida para ampliar seu império em direção ao leste, os russos que morreram para que o poder de seu país se estendesse em direção ao oeste, esses sim, morreram por uma tolice, e a morte deles é destituída de sentido, de qualquer valor geral. Em contrapartida, a morte do filho de Stalin foi a morte metafísica em em meio à tolice universal que é a guerra.
do mestre
Milan Kundera
( a foto retrata o sofrimento de civis na guerra entre Geórgia e Rússia)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

COMO O FEL COME O MEL







Ou ama-me com ternura, pôrra! Meu coração encheu de agonia, cabeça pertubada... que poder de irritar ou porque alguns homens se irritam por tão pouco, porque temos razão. Tenho medo dessa masculinidade passional, forjada a séculos de opressão machista. A lei Maria da Penha fez aniversário nesse agosto de 2008, um ano, numa quinzena que fiquei bastante abalada com o assassinato da inglesinha de dezessete anos, por um suposto namorado de vinte e dois. A menina foi penicada, não lembro de ler ou ouvir na televisão, o que ele usou, facas, machados? Tantas mortes e fim de sonhos, marcas definitivas na alma como tatuagens infernais.


Um belo homem com cheiro de África, um masai, um guerreiro queniano, altivo, colorido (havia uma faixa vermelha na cabeça), e roupas pretas, no meio da multidão, da música, dos risos... ei-no, ela confundiu -se, primeiro pensou em Exu (nem sempre é negativo), Xangô, pela beleza negra e altivez, finalmente Oxóssi, um dos mais belos orixás, príncipe das matas. Não joga para perder, corre com o vento entre as árvores das florestas, obssecado, mas sem desespero, adia seus desejos. Talvez tenha em seu coração um amor misturado com ódio. Beija doce e o doce corpo provado, quer canibalmente comer, possuir completamente uma vulva apertada, mamar como criança nos maiores seios que já tocou, matar e comer aos pedacinhos... e guardar a alma amada que não o amou, num potinho de vidro transparente. Uma alma que não se arrepende, que não demonstra medo, sem expressão, que não o assombra.
Há outras formas de punir sempre a pessoa amada, pensa, com arrepios, mas sem arrependimentos. Compôs um vídeo, pôs no fundo frases do conto de Bukowski preferido dela. A mulher mais linda da cidade, que não era mais ela, cara e alma desfiguradas, no seu lugar, já tomando seus pensamentos, nessa capacidade que a emoção tem de se refazer brutal ou docemente, ou mascarar-se, uma magra mulher branca de longos cabelos pretos. Ela também tinha no olhar o desamor por ele. Sentia vontade de tatuar todo seu corpo até que ela morresse, bastante colorida.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A UM DRUMOND,VINICIUS,PESSOA ...


A um poeta se deve amar com delicadeza, com uma sensibilidade de quem "ouve estrelas". Acreditar que ressoa na concha do mar, verdadeiro barulho de ondas. Hô, não, não se deve ter medo de ostras ou outros frutos do mar. Não prender o cabelo e sair na chuva é coisa que poeta faz suas apaixonadas, entre irritadas e sem defesa, e por amor acompanhar tais poetas.
E o senso comum se configura ao dizer que todo homem de letras tem um pouco de loucura, olhe! Veja lá Dom Quixote. Lutando contra seus moinhos-dragões em busca de uma amada-delírio. Amar um poeta é entender que a lua é sua morada. Sua realidade é circunscrita a um poema dos heterônimos de Fernando Pessoa. Poetas são acidamente críticos, melhor ser musa que objeto de suas críticas.
Poetas pertencem a uma fauna ainda abundante, longe da extinção. Poetas poéticos, amo-os. Embora sabendo desses cuidados de porcelana rara. Essa vossa fã é extremamente desajeitada, de vez em quando quebra pratos. Pobres poetas caquinhos. Mas com a capacidade que têm de ver além dos simplórios seres humanos comuns, fazem versos com a própria tristeza.
Poetas, poetas...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

CHINA: PROSTITUTA DO CAPITALISMO


Antes mesmo de começar, as Olimpíadas de Pequim já causaram muita polêmica, principalmente por causa da situação do Tibete. As pessoas ainda não sabem o que pensar da China: um vilão dos direitos humanos ou um emergente esforçado? Esse é um momento que deveria celebrar a união dos povos, e o povo chinês merece essa oportunidade, porém o governo chinês ainda está deixando muito a desejar no campo da política internacional. A China ainda não se abriu para um diálogo significativo com o Dalai Lama, nem mudou sua atitude em relação à Birmânia (Myanmar), Darfur ou outros assuntos importantes.

Os chineses mais radicais só estão piorando a situação, dizendo que o ativismo nas Olimpíadas é antichinês e antiolímpico. Nós não podemos ficar calados, mas também não podemos deixar que os nossos esforços sejam usados como argumentos para nacionalistas preconceituosos. Por isso nossa reação é uma ação positiva, alinhada aos ensinamentos do Dalai Lama, que celebra o espírito olímpico, a união dos povos e a amizade: o aperto de mãos.

Campanha da AVAAZ pró- Tibet (direitos humanos)

http://www.avaaz.org/po/handshake


Nosso aperto de mãos global começou em Londres, onde milhares de pessoas formaram uma fila gigante para passar o aperto de mão do Dalai Lama até a Embaixada Chinesa.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008


Áspero amor, violeta coroada de espinhos,
cipoal entre tantas paixões eriçado, lanãa das dores,
corola da colera, por que caminhos
e como te dirigiste a minha alma?
Por que precipitaste teu fogo doloroso, de repente,
entre as folhas frias do meu caminho?
Quem te ensinou os passos que até mim te levaram?
que flor, que pedra, que fumaãa
mostraram minha morada?
O certo é que tremeu noite pavorosa,
a aurora encheu todas as taãas com teu vinho
e o sol estabeleceu sua presenãa celeste,
enquanto o cruel amor sem trégua me cercava,
até que lacerando-me com espadas
e espinhos abriu no coração um caminho queimante.

Pablo Neruda


RÊ BORDOSA

RÊ BORDOSA
TUDO DE DOIDA!

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Teresina, Nordeste...Piaui, Brazil