quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

MANUAL PARA UM HOMEM INFIEL EQUILIBRADO ... final



Já comentei que o blog era para conversar com as mulheres. Elas me perguntam como tenho coragem de escrever erotismo? Os homens me dizem apaixonados pelas personagens. Então fico feliz, sempre achei difícil a interlocução com eles. Essa é minha primeira vez. Percebo, que não é só porque os caras gostam de sacanagem, eles querem discutir, teorizar também, olhando para minha bunda... fico envergonhada. Tenho alguns emails e números de telefones de alguns infiés. Mas aviso, chifres ainda me doem e decididamente me despedi da vida de mulher subterrânea.
Voltemos a nossa heroína a la Miguel Falabella.

Estórias de Maria da Conceição

Há anos é separada, desde uns trinta e uns. O marido deixou-a por uma vizinha invejosa. Depois deixou a vizinha por uma mulher magrinha e ao mesmo tempo namora uma outra cendeirona linda e adora andar de mãos dadas com todas elas. Deve ser o segredo, e chamar de meu bem. A desenvoltura desse infiel dá vontade nas outras mulheres de provar do açúcar...
Mas o pior desses rolos, é mesmo quando a namorada ou esposa vem conversar com a maria, ela
prefere as agressivas, que dividem o cara no braço. É se desvencilhar da porrada e correr. É o caso mais fácil de resolver. Agora, as que não vêm tirar satisfação, mas querem ser amigas (saco), se desfazem do cara, propõe uma "sociedade", envenenadas, amargando de ciúmes, mas não caem mortas. Sem dignidade se mantém vivas. Colega, esta pode te matar traçoeiramente, por um macho. Maria da conceição já viveu e viu muitos casos, inclusive duma vizinha, separada, que a mulher do cara, dormiu na casa dela e a matou a punhaladas na garganta, enquanto dormia, entre dois filhos. Maria deu banho em uma das crianças ensanguentadas. Um horror.


Regra número um do doce canalha infiel: jamais deixar que suas mulheres se encontrem. Podem ter um discurso cabeça, mas é só discurso, pintou homem na estória, não existirá amizade entre
elas. Alguém só pensará numa maçã envenada. Ambas lindas, mas nenhuma é inocente, pode haver a preferida branca de neve boazinha, uma ova. Desempenhando papel somente. Ranços da sociedade monogâmica. A boa para "casar" e a boa para... nada.
Regra número dois: ambas sempre tem razão contra a outra, nunca as compare, e jamais proteja os sentimentos somente de uma. Se a há uma preterida inteligente e com alta estima, você a perderá. Sua chance é com a "subterrânea" que reconhece que seu lugar mesmo não é na superfície, e na sua inteligência amorosa circular que de nada reclama e faz da vida um instante ser demais para ela.
Bem, acho que tanto mulher quanto o homem perdem a bondade, nessas complexas teias dos relacionamentos amorosos. A relação amorosa é uma das piores relações interpessoais humanas. Você não desconsidera um amigo, como desconsidera uma namorada. Acho mais válido para os homens, talvez tenha um componente histórico, cultural, a construção da alteridade feminina. O segundo sexo, vide Simone de Beavoir ou é biológico, coisa de macho, apenas.
Termino aqui, minha contribuição para a cultura blogueira inútil.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

MANUAL PARA UM HOMEM INFIEL EQUILIBRADO

Maria da conceição tem um rosário, com todas as contas para contar de suas cendeirices com homem comprometido. Mas em todas há elementos básicos para nosso manual: alguns nem beijam para evitar envolvimentos, deixam bem claro que amam a outra, que não se espere mais do que sexo. Ou seja não há o princípio da poligamia, onde todas as esposas, são esposas. Aqui, na nossa cultura monogâmica, os desviantes (bastante tolerado, mas graças a deus, alguns enlouquecem), mantêm o princípio da preferida e da preterida. Há sempre uma que se esconde, mulher subterrânea e uma mulher que pode fazer carinho público, mas é enganada. Não há outra fórmula.
Então fui buscar minha bíblia do amor e infidelidade mais política e filosofia "Insustentável leveza do ser" de Millan Kundera, vamos ver um pouco da percepção, receita do seu infiel Tomas.

... depois da separação da mulher (cap. 5)
"Conseguiu, portanto, em pouco tempo desembaraçar-se de uma esposa, um filho, uma mãe e um pai. Só não conseguiu livrar-se do medo das mulheres. Ele as desejava mas elas o amedrontavam
Entre o medo e o desejo era preciso encontrar um acordo; era o que ele chamava "a amizade erótica". Afirmava a suas amantes: só uma relação insenta de sentimentalismo, em que nenhum dos parceiro se arrogue direitos sobre a vida e a liberdade do outro, pode trazer felicidade para ambos.
Para ter certeza de que a amizade erótica jamais cede à agressividade do amor, só se encontrava
com suas amantes após longos intervalos... "É preciso observar a regra de três. Pode-se ver a mesma mulher em intervalos bem próximos, mas nunca mais de três vezes. Ou então vê-la durante longos anos, mas com a condição de passar pelo menos três semanas entre cada encontro.
Esse sistema dava a Tomas a possibilidade de nunca romper com suas amantes e tê-las em profusão. Nem sempre era compreendido."


".... A convenção não-escrita da amizade erótica implicava que o amor fosse excluído da vida de Tomas. Se ele desrespeitasse essa condição, suas outras amantes se sentiriam imediatamente numa posição inferior e se revoltariam."

(Quem leu o livro sabe que a Teresa, balança toda essa teoria dele).

"Tomas pensava: deitar com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher)."

Acrescenta-se mais alguma coisa? Não, acho que não... Infidelidade masculina é como a natureza do escorpião. Se você mulher não tem cabeça e coração para um Tomas melhor nem se aventurar, livra-se do stress do ciúme (Teresa enfiava agulhas debaixo das unhas, só de ciúme do cheiro de sexo das outras, que sentia nele), termine e tenha paz de espiríto. Isso é aceitar o outro do jeito que ele é. Mas você longe sem sofrer as consequências. Sofrer, sofrer e sofrer.
Por muito tempo citei muito "A Insustentável Leveza do Ser" de Millan Kundera, para mim é uma bíblia do amor e da infidelidade. Aprendi com esse livro onde o autor genialmente mistura ficcção com realidade, fala de Nietzsche como fala de Bethoven, a compreender a infidelidade masculina, não aceitá-la. Mas compreendê-la e a parte negociável no negócio amoroso. Bem, como não há mais inquisição e não se ler mais missa em latin, não cometo nenhum "pecado" ou ofensa a igreja católica ou seus devotos ao compará-lo ao livro sagrado.

MANUAL PARA UM HOMEM INFIEL EQUILIBRADO MENTALMENTE-1


Estórias de maria da conceição
Cendeirice frustante foi aquela vez que saiu para um motel às dez da manhã, com um garanhão de plantão. Quando não se tem marido ou namorado, uma das opções é não desperdiçar a oportunidade, quando ela aparece. Entrou antes numa loja. Comprou calcinha de namorar, de rendinha vermelha. Ele enchia o tanque. Olhou-o a metros de distância e pensou por que não? Há algum tempo ele a assediava. Não era de se jogar fora mesmo.
Abstinência forçada de alguns meses. "Coxas há muito não habitadas", como diz Renata Maia, a um certo Dionísio.
Foi... sem beijo na boca. É só fornificação. Não chegou ao orgasmo. Mas deu aquele risinho frustado, que o cara finge não entender e fala qualquer bobagem. Falou: Você é a número trinta e três.
Pasmem, o cara contava as mulheres com quem ficava depois que tinha casado, isso há nove anos.
Atitude maria da conceição, pós-moderna, entre chocada e instintamente assassina: não se vista ainda querido. Que bom está com um objeto!- Fê-lo sentar-se numa cadeira, onde pudesse por os pés na cama. Excitou-o, e o comeu com movimentos rápidos e frenéticos, mordendo sua orelha com ódio mesmo. E ainda jogou pérolas aos porcos, lhe falando de Simone de Beavoir "que o ato do amor seja até grosseiramente animal, mas que seja espiritualizado por um desejo de ternura."
Várias foram às vezes que ele a convidou novamente, ela o dispensou gentilmente, como o fazem as grandes damas. Deixou-o torando milho seco.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

PALAVRAS E ATOS INCOMPREENDIDOS EM LÍNGUA DE PÁSSARO

Ela era apenas uma "pássara", uma rolinha agreste. Uma sangue de boi. Penas cinzas, com um colar vermelho por todo o pescoço, ou uma cor de penas que mais se aproximasse do encarnado, como falam os caboclos.
Fez ninho ali, na romanzeira mágica. Numa época de estio, quase não havia folhas, que a cobrisse e fazia calor insuportável. Era uma casa de gente estranha. Uma mulher que fazia todas as coisas, e a melhor delas, era quando molhava as plantas e lhe dava banho. Gostava, mas protegia seu ovo. Uma criança já grande que não falava e outra mulher que saia pela manhã e voltava a noite.
Não lembra, não consegue reconstituir os fatos. De repente estava em uma gaiola. Intrépida. Queria voar. Ficava pulando de puleirinho em puleirinho. Gritava de angústia. O homem estranho, branco e barbudo. Gostava. Grande besta. Canto de dor. Me deixa voltar a voar e pousar em árvore alta. Gente presa não é feliz, bicho também não! Principalmente bicho que pensa. A sangue de boi passou alguns dias resignada. Comia alpiste ou algum pedaço de manga. Bibicava. E o barbudo ficava feliz. E ela desejava que ele fosse para o inferno, quando morresse. Inferno bem quente. Igualzinho quando faz calor embaixo de suas asas. E desejou, aquela pássara vingativa, que lá tivesse piungas, pra ele se ferrar de vez.
Passaram meses, não que tivesse acostumado-se ao cativeiro, mas afeiçoara-se ao barbudo e seus mimos. Alpiste e alguma fruta. Beijo e poesia. Desejava a pássara doida, tornar-se uma moça.Invejosa dos sorrisos das moças que saiam do quarto daquele solteiro. Queria a emoção que se chama amor, amor de ser humano. Porque cuidado, comida e água trocada, aquele homem, ser maravilhoso, lhe dava desde que a prendeu ali. Prendeu-a para amá-la melhor. Pensava a doida, já se sentindo mulher.
E novamente, de forma fantástica, não sabe explicar, ao cair da noite. Tornava-se uma ninfetinha, uma mulher madura, uma negra de olhos cor de mel, ou uma ruivinha pigoita. Todas apaixonadas pelo barbudo. Muito beijo e muita poesia. Agora ouvia dita para ela, poesias que já conhecia, pendurada em sua gaiola na varanda, perto do quarto dele. Melancólicas, falando em borboletas amarelas ou suavemente eróticas falando em flores roxas. Encantava-se, dando risinhos, prometendo-se toda àquele homem.
Então a sangue de boi, começou a perceber algum descuido para com ela na forma de ave. Nenhuma ternura. Sentiu ciúmes de si mesmo. Perdeu a bondade novamente e odiava todas suas formas humanas. Todas as noites, habitando o corpo que estivesse, lhe pedia que não a abandonasse. O barbudo retrucava, que sempre eram as mulheres que o abandonavam. Que nunca faria isso. Dizia a todas, que só era uma.
Mas por semanas nenhuma palavra de ternura. Quanto descuido. Ele esqueceu a gaiola aberta. Fugiu, voou meio tonta. Mas rápido seu instinto selvagem dominou-a. Alcançou as copas das árvores mais altas, e bicou o mais alto caju maduro, a mais alta manga madura. Felicidade. Sem ternura, mas razoavelmente feliz.
Ele o homem, que já não era mais barbudo. Sem barba, pareceu perder sua força. E angustiado, a mandar recados de ternura para as desaparecidas. Nada fez para tê-la de volta. Nem um assobio para que ela voltasse à gaiola, nem um pedaço de fruta. Não lembrou que ela gostava mais de manga de fiapo. Ela ficava lá nas árvores do quintal, algumas vezes a observá-lo. De saudade. Ele não a via. Suas angustias não permitiam.
O tempo passou, ela desistiu dele.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

... O AMANTE INVISÍVEL- final


Viestes hoje vestido de deus, um orixá. Xangô, cansado de lutas vencidas, vitorioso. Todas tuas mulheres amadas e orgulhosas de serem suas eleitas. Dormiste com todas, és deus não cansa. Está agora em meu leito, abraço-o, não sou deveras uma das preferidas, porque também sou homem na arte da guerra, me vencestes uma vez, e aqui estou.Também me amas? Não penso, nisso. Basta-me meu momento. Descansa entre minhas pernas, com teu peito nu, nádegas masculinas sobre mim. Sou teu conforto, teu repouso, tua mulher mais velha, plantamos juntos o amanhecer. Usamos os mesmos facões, lambemos os lábios de sangue alheio respingados. Não sou tua conselheira, sou tua loucura. Tua Obá.



Uma lágrima curta apenas lhe turvou a visão. Tomando água num copo laranja. Decidiu por fim àquele luto, separação entre pessoas vivas. E assim, um tanto nervosa, aguardava um encontro com um michê. Bonito não, belo. Um nome italiano, de mentira com certeza, mas não ligou. Conversaram amenidades. Deus! Teria a idade de seus mais jovens alunos universitários. Tinha plena convicção de seus dotes sexuais. Usava uma cueca branca, enlouquecedoramente sensual, cobrindo aquele monte que já piava. Ela achou que ele tinha a tal da pegada. A abraçava, deslumbrava-se por estar com a "professora". Mordia-lhe o pescoço, e tocava-lhe os seios numa volúpia jovem, rodopiava com ela num abraço, levantando a do chão. Mas mesmo assim nossa católica, esotérica e simpatizante do candomblé, senhora de quarenta e uns não libertou sua criança interior e brincou de médico. O bonitão, "moreno, alto e sensual", não parava de lhe chamar de cachorra. Claro que a intenção dele era excitá-la. As cadelas são fêmeas fantásticas, assediadas no cio por vários cães, escolhe. Por maior que seja o cão, só acontece a cópula se ela assim o permitir. Mas aquilo a irritou. Não podia ser outro bicho, leoa? Lembrando do seu amante imaginário leão.

Resolveu fantasiar um pouco, sexo sem afeto, parece mas não é tão simples. E ela estava pagando. Desprezava-o, como os homens fazem com as prostitutas. Aquela moralzinha cristã começava a incomodar. Mas continuou. O rapazinho era um muro cultural em relação a ela, intransponível. Usou da sua didática e foi explicando o jogo: explica "desenhando" que leu O Insaciável Homem Aranha de um autor cubano, Pedro Juan Gutiérrez. Queria que ele a chamasse de Ivone, uma personagem voluptuosa e vadia que fazia amor enlouquecidamente com um homem casado. Ele branco, ela negra. Vai me chama de Ivone. Ela o chamou de Pedro, e aceitou por alguns momentos os carinhos que lhe arranhavam as costas por baixo da blusa. De repente cansou. Cansou do cachorra. Do cheiro de sexo real do rapaz. Da ignorância de tantas coisas que o pobre tinha. Abraçando-o disse: Minha última flor do lácio, inculta e bela. O verso de Olavo Bilac nunca foi tão incompreendido. Decidida, e inegociável, pagou-o em espécie. E o conformou, elogiando-lhe a beleza, seu coração não estava ali, e seu corpo não obedecia, apesar de tremer de desejo e sentir uma dor de solidão no útero.

Voltou para casa. Havia uma lua cheia, daquelas que dá vontade de urrar. As flores amarelas do jardim pareciam cintilantes. Outra noite que dormiria nua. Torcia para que seu amante aparecesse de Shiva e trouxesse um sexo tântrico, sagrado. Se no ocidente só se chega a salvação pela dor, os orientais inventaram o tantra, pode-se chegar a salvação pelo prazer, por não? Por que não dar componentes sagrados a sexualidade. Totalmente condenada pela prática cristã católica.

Voltaste hoje à madrugada. Teu incrível cheiro de mar invadiu meu quarto, misturando-se com cheiro de sexo de mulher quando acorda.
Vieste vestido de Cristo, andando sobre as águas. Equilíbrio. Então me veio a imagem de um jangadeiro que domina solitário a água, com sua imensa vara, vi uma vez, lá no Delta do Parnaíba. Ficou à porta, esperando um convite, já que tento te esquecer. Trouxe mel.
Para adoçar meu coração.Te abraço, chora um pouco no meu ombro. E pela primeira vez amo imensamente um homem frágil. Ficas por baixo dessa vez, e te possuo. Te beijando os olhos fechados. Não te trago a espada, te dou a paz. Dormes bastante depois do amor, fico vigiando teu sono, besta com tua beleza. Parece suavemente sereno, teu minuto de paz, em quinhentos anos de inferno.









domingo, 17 de fevereiro de 2008

... O AMANTE INVISÍVEL- parte 5



Nunca conheci uma mulher que confessasse que escreve em porta de banheiros. Mas os banheiros femininos nas escolas, universidades são cheios desses grafitos pornográficos. Fantasias as mais desvairadas. Imagino minha personagem, esta mulher, quarentona, bem sucedida profissionalmente, uma destas colegiais que jamais confessaram tal delito. Escrevendo obscenidades com letra bonita. Começo a me cansar dela. Há quantos contos mesmo, ela aparece? Quem lembra? Não tenho tantos leitores assim. Quero matá-la. Como Angeli matou Rê Bordosa. Ela tem a natureza do escorpião, não vai mudar. Nasceu com quarenta anos, mal resolvida emocional e sexualmente. Peste, parecida comigo demais. O povo está confundindo. Sou marxista ainda, ela é uma professora de política, que não aleija os liberais. Ama-os, Stuart Mill a Tocqueville.
Meu belo amigo, homossexual assumidíssimo e feliz, mestre em antropologia, impede minha sanha assassina. Diz-me que ela produz. Ora, eu é que preciso produzir academicamente, tenho um artigo científico, uma monografia e um texto militante para entregar até finais de março. Deixe-me usar do meu poder demiurgo de autora e matá-la, sem culpas. Sou Deus. Será tão fácil, posso matá-la numa dessas suas noites insones de desejo. Por suicídio, ela imaginará que o tal amante invisível virá vê-la, preparará não taças de serotonina, mas de vinho com veneno de rato. O diabo, é que pode fracassar como alguns amigos meus, que já tentaram mais de uma vez, e voltar a me atormentar, por conta da minha personalidade indecisa. Mas posso matá-la também surrealista mente, como numa boa história de realismo fantástico. Um desses deuses fantásticos, com vários falos, pode finalmente dar fim a sua ninfomania masturbatória, penetrando-lhe a alma, que será banida para sempre. Por só pensar naquilo, ou adormecerá como uma bela adormecida coroa, e não um príncipe, mas um desses poetas de blogs, cheio de tesão, maravilhosos homens infiéis, acordá-la com uma bela trepada de verdade.
Bem, não a matarei ainda, mas todos vocês leitores, são testemunhas da premeditação de um crime. Qualquer hora o cometerei.

Noite de final de semana. Chegou da balada, que se resumiu a um papo num espaço cult, onde conhecia a todos. Um rapazinho lhe deixou excitada. Mas exigente como era, imaginou que tal rapaz, jamais teria ouvido falar dos clássicos da política. Também não teria dinheiro, experiência alguma de vida, nem seria ainda um bom amante. A vida não lhe dera nada dessas coisas ainda. Típico amante que nada acrescenta. Dilema das quarentonas solteiras, assim são os homens mais jovens e os da sua idade, veteranos em fazer mulheres sofrerem. Geralmente casados, podem até ser cultos, mas querem apenas lazer, sair da rotina sexual da monogamia, que impõe o casamento. Assim, adormeceu nua, como sempre. Ouvindo Are you certain de Sarah Vaughan, e traduzia uma frase: quando eu sei que você vem...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

... O AMANTE INVISÍVEL- parte 4


Aí que delícia! Meu leão macho, novamente vieste vestido só de tua juba, de volúpia ,sacanagem e poesia. Sem surpresa, na hora de sempre.Estou meio enlouquecida.Veio me dar a cura, a paz, taças de serotonina. Dessa vez chupaste minha xoxota até te implorar que metesses em mim. Me castiga, ajeita travesseiros, me deixando quase sentada, abre bem minhas pernas. Extasia –se de ser dono de delicada flor roxa, deseja esmagá-la, mas ainda não o faz, enfia-me dois dedos, que machucam mas dão prazer. Imploro por ti, por teu pau. Ajeita novamente a posição do meu corpo entre os travesseiros, de forma que permite que tire lentamente os dedos da minha gruta molhada e enfie tua rola ao mesmo tempo que chupa o biquinhos de meus peitos. Piro de prazer, amado. Depois gozas no meu rosto, espalhando com a mão, teu leite bom para pele.

Novamente me abandona, volta para tua floresta, teu Tarzan e tua Jane. E fico aqui, enroladinha na toalha colorida, cheirando só a rosa.



... O AMANTE INVISÍVEL- parte 3


Chegou em casa à noite. Dia longo de trabalho. Alguma alegria. Riso. Política. Educação. Ligação da mãe. Visita de uma jovem amiga. E aquele desejo, nos biquinhos dos peitos. A vulva, uma flor molhada. Uma incrível sensação de incompetência afetiva. Era ainda uma bela mulher, com já a descrevemos. Perna grossa e muito peito. Olho cor de borra de café, de personalidade doce. Furtiva, calada, na dela. Boca carnuda de mestiça, que dá vontade de beijar, tirar seu batom vermelho. Síndrome da Vera Fisher, linda e sozinha.
Resolveu, comendo uma maçã, e usando uma toalha colorida com flozinhas, como saiu do banheiro. Usar o computador. Procurando por ele, levada somente por aquela emoção dona de si mesma. Irmã gêmea da falta de dignidade. Olhou a página de recados dele. Quantos recados femininos. Um monstro assassino começou a crescer dentro dela. Seu ciúmes Thánatos, impulso de morte, lhe fez lembrar um livro da década de setenta, O Colecionador. Então sentiu vontade de espetar com alfinetes, uma por uma daquelas mulheres, como se espeta borboletas numa coleção, deixando-as imóveis, presas, numa caixa de vidro, penduradas numa parede. Seu lado cristão queria a outra face das outras para esbofeteá-las. Gostou dessa sensação de pervesidade.
Dormiu sem calcinhas, enrolada num grande lençol branco.
Sonhou com Tarzan, que a beijava tanto que lhe inchavam os lábios. E ao mesmo tempo tinha que ser amiga da Jane, uma branquinha, educadinha, chata. Falando sem parar. Insegura. E ela comendo o Tarzan, encima de folhas de bananeiras. Ela sempre por cima. E o Tarzan tinha uma "mala" enorme. Beijando sem parar. Acordou no mesmo horário, seu amante leão havia chegado.







quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O AMANTE INVISÍVEL - parte 2


Assim então, era que a cada cinco horas da manhã, lhe acordava em sonho, aquele homem que se metia embaixo de seus lençóis, ou jogava-os longe, aquecendo-a às vezes com seu corpo quente de leão macho, de deuses fálicos e viris, Xangô, Ogum, Shiva... Estaria enlouquecendo? De novo? Não se faz mais estabilizador do humor como antigamente. E antigamente tinha isso? Remédio não resolve dor de cotovelo. Mas era bom, taças de serotonina. Apertava os peitos, tocava na vulva, molhava-se.

Primeiro encontro:

Fofo

Você pesa! Acordei com você em cima de mim, me bolinando... com a mão medindo meu triângulo, metendo o dedo. Me beijando com gosto de madrugada, mordendo meu pescoço. Não sei de onde você veio, todo nu, com o pau durinho. Me comendo por trás. E eu te engolindo ainda dormindos, abrindo as pernas ressonando.

Dormia nua, vestida de fantasias sexuais, comprou calcinhas e sutians novos, indecentes. Uma puta a caráter, um dia dormiu com um longo colar de contas cor de rosa, bijuteria cara, dificil de encontrar, lhe tomou alguns dias a procurar, somente para combinar com a fantasia de pantera cor-de-rosa, sutian e calcinha minúscula de renda cor-de-rosinha. Outra noite de dama de vermelho, de leoa fêmea. E usava batom, carmim, sempre.

Segundo Encontro:

Meu leão macho, de onde vens sempre às cinco da manhã vestido só com tua juba... sequioso de amor. Querendo sempre meu rabo, não dou, feito gata dou miados, ficas zangado.Me dá, porra.Te convenço que da próxima... então me enfias por trás na vagina. Dando estocadas, doi, reclamo, faz mais devagar, mas meu dono.
A mulher que conquistou o mercado de trabalho, ganha mais do que você, é chefe durona no trabalho. Embaixo, de quatro para ti, é só a fêmea da espécie. Humilhada, chorosa, e pedindo mais. Que você a coma. Não tire ainda... Beija, morde, ruge no climax. Lambe uma das grandes patas, limpando na juba. E me abandona, não sei se amada, mas bem trepada, ardida, plena, feliz.Se afasta macho sastifeito, vai caçar comida. Sexo dá fome.





Confissões a pedido: O AMANTE INVISÍVEL


Nossa heroína macunaínica, depois do roubo do namorado virtual pela mulher de nome brega, que mandava scrap meigo para ele, aquele bunda branca, mordia-se a pobre carente de quarenta anos. Chegou do psiquiatra, da yoga, da acumputura pior, pior e pior. Pelo menos se fumasse, bebesse... tomou um floral para deixar de amar. Era isso mesmo que estava escrito no vidrinho, ou não? Serve. Tomou e deitou-se insone e insone sonhou que era mãe de gêmeas Mary Jane e Lois Lane, elas não iriam sofrer, com aqueles nomes. Teriam namorados super heróis. Nenhum bunda branca. Bunda masculina, gostosa, onde ela cravava as unhas na hora do amor enlouquecida... não estava mais ali. Mas o cheiro dos restos de pele dele, sob suas unhas eram irremovíveis de sua memória.
Ás cinco da manhã, acordou do seu sono acordado, sentindo um peso sobre seu corpo. Insustentável leveza do ser, de Kundera, finalmente entendera ... insustentável e ao mesmo tempo leve porque era fruto da sua imaginação, da saudade, do desejo enlouquecido, que lhe ardia entre as pernas e lhe acendia os bicos dos peitos. Aí, gemeu, o barbudo, um tanto fora do peso, careca, com o maldito sorrisinho tarado e adorável. Adorável Oblong havia voltado... Aí entendera como aparecem os amigos invisíveis das crianças.

Ora, o que esperavam que o barbudo gostoso parecesse com algum sarado quarentão global? José Mayer, duas novelas atrás, seu espiríto devoté, não tinha preconceitos. Só amor, lúxuria pelo diferente. Separada, solteirona, abandonada, a-bon-do-na-da. Estima no chinelo, professora de cara amarrada, boca azeda de quem não beija faz tempo, nem sente o doce do amor. Esse bem subjetivo tão extremamente necessário. Ela estava delirante. Não desejava conselhos, mas convidava a própria loucura para entrar em sua casa. Há alguns dias recebia a visita dessa mulher sorridente: juntas, quietinhas, como crianças traquinas recortaram de revistas pornográficas, fotos de homens belíssimos, ou até feios, mas todos nús, e colaram dentro das portas do guarda-roupa. Sorriram. Agora sim, tenho homens escondidos no armário, pensou nossa solitária.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

CONVERSAS COM JORGE PRADHO: cabra macho



Jorge é piauiense morando há alguns anos em São Paulo. Herói da classe trabalhadora, pedagogo intelectual braçal, como sonhava Sartre. Tenho lido que cérebro de homem e mulher são diferentes, não só fisiologicamente, mas principalmente são diferentes na percepção das coisas. Ciência...

Ontem, no meu aniversário:
É grande coisa te ver por esse imenso engenho chamado vida que vai moendo tudo inexoravelmente, produzindo vezes mel, vezes embriaguês, e outras vezes dor... Ainda bem que não saimos incólumes... É grande coisa te atestar não moída, mas, mosaico tu e eu, depois de tantos ciclos e ainda sedentos de mais... Feliz caminhar Madileuza do Piauí!

Outro dia:
Não gosto de amiga minha apaixonada! Passa, eterno enquanto durou...

Zangado com coisas dele:
O que eu preciso mesmo é de uma briga franca, uma briga que exponha todas as feridas, que as façam sangrar tudo o que podem, e ver o que sobreviverá... não vivemos em terras de contos de fadas, todos devem saber disso.

Não esconde que sai com prostitutas depois que leu Xogum:
Acho que uma puta fica frustada quando a gente não goza.

Beijo cendeiro na boca, amigo!

He hum não querer mais que bem querer, (Camões)


IV
És!És tu! Sempre vieste, enfim!
Oiço de novo o riso dos teus passos!
És tu que eu vejo a estender-me os braços
Que Deus criou para me abraçar a mim!

Tudo é divino e santo visto assim...
Foram-se os desalentos, os cansaços...
O mundo não é mundo: é um jardim!
Um céu aberto: longes, os espaços!

Prende-me toda, Amor, prende-me bem!
Que vês tu em redor? Não há ninguém!
A terra? - Um astro morto que flutua...

Tudo o que é chama a arder, tudo o que sente
Tudo o que é vida e vibra eternamente
É tu seres meu, Amor, e eu ser tua!

( para um homem, que é um beijo mimbó do passado )

domingo, 10 de fevereiro de 2008

He hum não querer mais que bem querer, (Camões)



III

Frêmito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,

Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!

E vejo-te tão longe! Sinto tua alma
Junto da minha, numa lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas...

E meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas...

(para um poeta-mar, bonito como as ondas, que trocou de óculos essa semana...)

He hum não querer mais que bem querer, (Camões)



II

Meu amor, meu Amado, vê... repara:
Poisa os teus lindos olhos de oiro em mim,
- Dos meus beijos de amor Deus fez-me avara

Para nunca os contares até o fim.

Meus olhos têm tons de pedra rara,
E as minhas mãos são fontes de água clara-
A cantar sobre a sede dum jardim.

Sou triste como a folha ao abandono
Num parque solitário, pelo Outono,
Sobre um lago onde vogam nenúfares...

Deus fez-me atravessar o teu caminho...
- Que contas dás a Deus indo sozinho,
Passando junto a mim, sem me encontrares? -

(para um enfermeiro de hospital psiquiátrico, lindo como o sol)

He hum não querer mais que bem querer, (Camões)



I

Gosto de ti apaixonadamente,
De ti que és vitória, salvação,
De que me trouxeste pela mão
Até ao brilho desta chama quente.

A tua linda voz de água corrente
Ensinou-me a cantar... e essa canção,
Foi graça no meu peito de descrente.

Bordão a amparar minha cegueira,
Da noite negra o mágico farol,
Cravos rubros a arder numa fogueira!

E eu, que era neste mundo uma vencida,
Ergo a cabeça ao alto, encaro o sol!
- Águia real, aponta-me a subida!

( para o homem do natal, belo como um deus orixá)

CARPIDEIRA: Olorum, um mantra e um pai nosso


Santa Bárbara

Vós que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões.
Fazei com que os raios não me atinjam.
Fazei com que os trovões não me assustem.
Fazei com que o troar dos canhões não me abalem a coragem e a bravura.
Sede minha protetora, ficai a meu lado
Para que de fronte erguida e rosto sereno
Possa enfrentar todas as tempestades e batalhas de minha vida.
Ficai a meu lado para que vencedora de todas as lutas, com a consciência de dever cumprido
Possa agradecer a vós, e render graças a Deus
Esse Deus criador do universo e que tem o poder de acabar as guerras
E abrandar a natureza dos homens.
Santa Bárbara, rogai por nós.

Sincretismo é um comichão de antropólogo. Santa Bárbara é Iansã
Salve povo das cachoeiras ( saudação que ouvi no Vale do amanhecer Amançuy do Amanhecer)

sábado, 9 de fevereiro de 2008

AFRODITE: deusa do amor nos ampare


O amor é a parte mais importante de nossas vidas. Se estivermos bem na vida amorosa, estaremos bem no resto. Já a solidão é triste e pode nos deixar afetados psicológica e emocionalmente.
Viver grandes paixões faz bem ao corpo e ao espírito. Nesse aspecto, as mulheres possuem um sexto sentido que demonstra todo o poder que elas possuem. Esse poder se manifesta na arte da sedução.
A sedução é um jogo que exige autoconfiança, sensibilidade e alto astral. Ela pressupõe que o pensamento seja positivo e a postura seja altiva.

Um novo amor não irá aparecer se você não for atrás. Saia, freqüente lugares, se mostre bonita e confiante. Use roupas com cores fortes, como vermelho ou rosa, já que elas atraem paixão, sedução e amor intenso.
Dia perfeito para sedução: sextas-feiras

O poder da sedução
Wicca
Feitiços e magia para o amor

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

ALMAS NEGRAS




Tenho uma dívida com o MST aqui de Teresina, recém formada, grávida de quatro meses em 1999, fui indicada para confeccionar um projeto para os assentamentos de Marrecas e um outro que ficam em São João do Piauí, não consegui executá-lo. Culpo a má formação acadêmica em Ciências Sociais, que até hoje não ensina uma função de intervenção, na divisão sociotécnica do trabalho, mercado tomado largamente por assistentes sociais e psicólogos.
Ouvia falar em Bispo, dos assentamentos, mas não o conhecia. Conheci-o, grande presença.

De repente um cheiro,
Cheiro úmido
Cheiro quase único
Choveu no sertão.

De repente um cheiro.
Um cheiro vadio
Um cheiro de cio
Cheiro de tesão.

Os meus pés descalsos
Acariciam a terra,
Penetram seu ventre,
Onde minhas mãos
Suadas, ansiosas
Soltam as sementes.

E, destas cenas simples
Que parecem tolas,
As vidas renascem
das sementes crioulas.
Bispo
Beijo cendeiro poeta da terra
confirmo o final definitivo do frejo com o poeta de outra etnia.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

ROSA DESPETALADA



Papai te ama. A menininha morena ouvia essas palavras e apertava a boneca, o urso de pelúcia, a bola, o que tivesse à mão como forma de se proteger. O papai quando ninguém estava olhando lhe fazia carícias estranhas. Passava a mão devagarinho em seu sexo, beijava. Abraçava-a com força, sempre repetindo que a amava. Sua princesinha. Depois começaram as brigas com a mãe, papai então parecia mais exigente, violento em suas carícias.
Um dia mamãe e nem o irmão estavam, papai que quase não saia, pois trabalhava numa oficina na própria casa. Papai lhe mostrou o pinto, aquela parte que a mãe diz que não devemos curiar nos meninos. Levou um susto, o pai, sempre dizendo que a amava, obrigou-a pegar, colocar na boca. Já as lágrimas... papai te ama. Te odeio, papai. Levou um tapa. E a recomendação que apanharia mais se falasse para alguém "que se amavam".
Domingo no catecismo, o padre falara de amor a pai e mãe, um dos mandamentos de deus. Sentiu-se culpada. Sua alma começava a crepitar no inferno. Odiava o pai. Desejava que um carro o atropelasse. Mas deus não a socorria, não ouvia seus pedidos de morte. Deus é bom. Ela era má. Seu pai a amava, com seus beijos nojentos, sua mão asquerosa por todo seu corpo, seu pênis, que ela recusava a olhar, mesmo em suas mãos, esfregado em sua pequena vagina. Só sentia uma dor, mas não era uma dor física, era uma dor na alma, daquelas que sentimos quando estamos acuados, sem saída, desesperados, sem ajuda. Uma dor benígna que nos leva para fora do corpo, nos dar torpor.
Um dia o pai a abraçava, estava com raíva da mãe, muita raíva. Penetrou seu pequeno orifício, todos os orifícios existentes em seu corpo, com dezenove centímetros de carne, com violência, puxando seus cabelos, tapando sua boca, fazendo-a sangrar. Sua alma apavorada, em torpor, refém do ladrão de sonhos, talvez, esperemos tenha levado-a sem dor para o outro mundo. Como diz os espíritas, desencarnou, ela irá continuar a crescer no mundo espiritual, como diz os umbandistas, encantou-se, e é uma entidade que anda sobre as águas. Os católicos esperarão a confirmação dos milagres, e com muita burocracia talvez seja beatificada.
Na manhã seguinte, todas as outras mães estavam como um grupo de mães chipanzés, fazendo muito barulho. A proibição do incesto está na invenção da cultura, segundo Lévi-Strauss. Fim do mundo dizem as mulheres mais velhas, pai comendo a própria filha. Todas as mães se sentem culpadas, como as mães chipanzés que cuidam uma dos filhos das outras. Não a protegemos. Não cortamos o falo do mal desse pai.
De toda a história de repressão ao direito a sexualidade e prazer para as mulheres, nesse momento de liberalidade, pós anos sessenta, conquista do mercado de trabalho, livre orientação sexual, nos acontece com frequência o incesto, o defloramento da menina pelo próprio pai. Esse roubo da inocência, da fantasia, do sonho e do percurso normal para que alguém que não nasce, mas se torna mulher, como bem diz, a mãe, Simone de Beavoir, parideira de idéias.
O pai foi brutalmento serviciado na cadeia. Morreu de estupro.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

COME-SE E MORRE-SE DE FOME DEPOIS DO AMOR!



fome dos olhos da mulher amada.
De uma vida menos ordinária.
fome de rir sem motivo.
e de aceitar a morte com seus espinhos.

fome de tudo que não fazia sentido,
e hoje é celebrado em silêncio.
do gosto do gozo há muito esperado.
da tua mão em meus segredos.

fome que há de ser sempre fome.
que não pretende ser luz na escuridão.
fome que empacota meus vazios
e deixa a lembrança de outra canção.

fome de acreditar que combinar cores impossíveis,
pode ser melhor que qualquer poesia.
fome da cama vazia, depois do amor
e de tudo o que não entendi naquele dia.

fome de estar em você,
cozinhar pra você,
dormir com você.
fome de te esquecer.

Do belíssimo blog de poesias de Nilo Neto (mentirosa mulher que tanto amei)
http://mentirosamulher.blogspot.com

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

RÉQUIEM PARA UM AMOR SEM FIM



Olhou com olhos de avó, tocou o bebê com cuidados exagerados de avó. Beijou com muito amor a testa da primeira netinha. E sentiu então que havia caminhado rápido estas quatro décadas. Maria da conceição sentiu-se realizada, casou, separou, criou as três filhas e compôs uma poesia.
A noite a jovem avó foi ao rock, acompanhada da outra filha de vinte, ambas usavam preto. A filha de bermudinha, ela, um vestido preto com detalhe prateado aos ombros, contornando os seios de matrona que já possuia, pulseiras prateadas em ambos os braços, sandália e brincos prateados. Foi vestida de Surfista Prateado, sugar emoções. Tanto menino, tanta menina. Juventude feliz e alcolizada. E ela lá, undergrund, a filha ficou chata, essas angústias da mocidade. Ela arranjou namorado roqueiro e a filha não.
Legal essa cendeirice da maria. Amor de homem jovem... primeiro ela disse que não, se ele tivesse dezessete daria processo, ele apressou-se em dizer que tinha vinte e um. Que o peito dela, a bunda dela, valeria até o inferno, prisão então. Menino atrevido, pegada de homem. Maria da conceição caiu.
Ele lhe abraçava namoradinho, coração batendo forte como a bateria da banda no palco. Poesia. Sabe-se o que é aos quarenta anos só chamar namorado de amigo. O seu coração que há muito não estava ali, havia sido sequestrado por um poeta do mal, finalmente havia sido devolvido.
O nome do louro namoradinho, José Querubim, nome da banda dele, Funeral.


RÊ BORDOSA

RÊ BORDOSA
TUDO DE DOIDA!

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Teresina, Nordeste...Piaui, Brazil