Final da década de oitenta até meados de noventa viveu muita coisa. O mundo em rebuliço, as flores de 1968 murchavam. Queda do muro de Berlin, Perestroika. Crise dos paradigmas acadêmicos, sociologia das inovações tecnológicas, globalização, sociólogos que foram enforcados ou estripados em 68, agora andavam deprimidos, com um deles dirigindo o Brasil, querendo esquecer de tudo. Fazia Comunicação Social e namorava aquela menina doida das Ciências Sociais, comprara num sebo, pra ela, O mito da Doença Mental, do Thomas Szasz. Lembra com saudade, das aventuras a dois, da Casa dos Cantadores, assistindo festival de repentistas aos hoteizinhos baratos na frente da rodoviária, onde alugavam um quarto da manhã até o fim da tarde, fingindo que eram viajantes de passagem, levavam livros e revistas e faziam sexo oral, sem parar. Gostava de chupar uma buceta. Lembrava do rio, seu velho monge e sonhava com as lavadeiras peladas, com medo de apanhar delas. Fazia parte do grupo de teatro do Adalmir Miranda e seu melhor amigo era Evandro, que tentava fazer poesia desde o tempo de Jesus Pereira, que lhe corrigia os versos, coisa que ele odiava, porque tirava a emoção que ele tentava imprimir, explicava contrariado. Depois tentou a dança no Balé Popular, não lembra se teatro, mas o amigo descobriu que não tinha mesmo talento artístico. O cara era hétero, agora mora numa cidadezinha no interior de São Paulo, com um bailarino excepcional.
domingo, 27 de janeiro de 2008
UM POETA ... parte 6
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RÊ BORDOSA
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