domingo, 27 de janeiro de 2008

UM POETA ... parte 5



E aos dezesseis anos começou a fazer jus a seu terceiro nome, Dionísio, deus das artes, descobriu a poesia, através de Jesus Pereira, professora de português carrasca na gramática, precisava-se saber a classe das palavras e sua função na oração, maldita análise sintática. Também mulher negra, rolo de fumo, diziam com racismo, os outros colegas. Para ele não, era antes um topázio escuro, que emitia suave luz negra, subversiva. Tinha cara de mulher bem trepada. Intrépida. Trouxe seu primeiro amor. A poesia de Florbela Espanca. Dizia: meninos, mulher emprenha pelo ouvido. Declamem poesia nos ouvidos delas. De Florbela, apenas os sonetos apaixonados, os tristes, os que cultuam a morte não serve. Somente se alguém aqui quiser ser poeta quando crescer, porque dor parece fazer parte da alma dos poetas. Pra mim não serve. Prefiro cantar a alegria. De vez em quando traí sua mestra, compondo poemas sofridos, de mágoa. Inultimente, só tem feito isso. Bem, nem tanto, fazendo jus a Dionísio ou a Baco, como bom aluno das artes do amor, a poesia tem sido como vinho e as mulheres tem lhes seguido como loucas, bêbadas e desvairadas, igualzinho leu na enciclopédia sobre a mitologia grega.

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