terça-feira, 29 de janeiro de 2008

FEMINI - NÚ: Rosa Luxemburgo (camarada e amante)


Das aulas de teoria marxista da mestra Dione Morais, a lembrança de um filme sobre Rosa Luxemburgo. Uma cena em especial quando ela reclama a um amigo, ou ao próprio Leo Jogiches, do desejo e impossibilidade de ter filhos. E o tal, responde: teus filhos é tua luta, são tuas idéias. Militar e apaixonada, sua alma de mulher penou, como pena a de todas nós.

A Costia Zetkin
Quarten, 17 de Agosto de 1909, quinta- feira

Meu querido Costia, custa-me um grande sacrifício escrever-te ainda, mas quero que no momento de dizer-te adeus vejas tão claro em mim quanto eu vejo em ti.
Consegui vencer a minha dor e estou calma. Para mim é como se desde domingo tivesse passado um ano. O mais duro já tinha passado quando chegaram tuas cartas falsas e quando li a última, essa sincera, senti uma grande dor, meu coração gelou, mas senti também uma grande calma. Tudo se passou como te disse no início: foi o teu amor que me forçou a amar-te, e quando teu amor acabou, o mesmo aconteceu comigo. Sofri por não te ter libertado mais cedo desse peso, sofro com a lembrança dos olhares sombrios e atormentados de um passarinho cativo, mas nunca ousei dizer as palavras libertadoras no fundo eu considerava nossa relação coisa séria e sagrada.

...Na realidade prisioneira era eu, porque a lembrança de um surdo murmúrio no pequeno quarto -" Sê fiel, não deixes de ser fiel"- e uma súplica nas cartas "não me deixes, não me deixes"- prendiam-me a ti como correntes de ferro. O murmúrio de um rapazinho adorável prendia meu coração, mesmo quando teu ar infeliz me torturava de uma forma indescritível quando, em Gênova, durante noites de insônia, a falta de clareza da tua relação comigo me sufocava. Mas tenho um doce consolo ao pensar que realizei o desejo desejo desse rapazinho: fui-lhe fiel até o fim e nunca lhe lancei um olhar desconfiado nunca lhe ocultei meus pensamentos mais secretos.
Agora consegui vencer a minha dor. Lancei-me ao trabalho com prazer e estou decidida a viver ainda com mais rigor, clareza e castidade. Esta regra de vida amadureceu em mim durante o nosso relacionamento, por isso estas palavras ainda te pertencem.
Agora que estás livre como um passarinho, sê feliz. A principuccia não está mais no teu caminho. Adeus. Os rouxinóis dos Apeninos cantam para ti e os bois do Cáucaso, de chifres, te saúdam.

R.
Rosa Luxemburgo
Vida e obra
Isabel Maria Loureiro (expressão popular)

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