Abandonou os livros, ligou a TV, sentiu vontade de comer pipocas, mas seu estômago, em ânsias de vômito, rejeitou. Passou o dia literalmente de perna para cima, com dores que só amenizaram depois de anagésicos e chás medicinais diferentes.
No fim do dia, usou vermelho como cromoterapia, e assim recebeu o amigo socialista para um chá, que lhe criticou o hábito burguês, mas comeu todos os biscoitos de nomes afrancesados. O amigo era um fóssil vivo, não arredava pé da teoria marxista. Mas e daí? O amigo, ateu, acreditava em revolução e fim do capitalismo. Eram como água e vinho mesmo assim houve uma época em que nutriu por ele alguma atração física, mas o amigo não foi lá tão romântico para levá-la para cama. Somente acariciaram-se por algum tempo. O amigo lhe fez um relato breve, mas chocante, de conflitos armados da atualidade, da Bósnia ao Oriente Médio, passando pelos sem-terra, no Brasil. Guerras esquecidas, frutos de causas antigas como questões religiosas e raciais, tendo como pano de fundo, sempre, a questão econômica.
Era um cara bem humorado, mulherengo, solteiro com mais de trinta anos. O amigo foi embora apressado para uma reunião de sindicalistas. A moça ligou a televisão e foi viver de vídeo. Amanhã fará um sol intenso, e ela mora numa capital do nordeste do Brasil. Sua cólica naturalmente não é o maior problema do mundo.
Este conto foi escrito em 1997.
Era um cara bem humorado, mulherengo, solteiro com mais de trinta anos. O amigo foi embora apressado para uma reunião de sindicalistas. A moça ligou a televisão e foi viver de vídeo. Amanhã fará um sol intenso, e ela mora numa capital do nordeste do Brasil. Sua cólica naturalmente não é o maior problema do mundo.
Este conto foi escrito em 1997.
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