sexta-feira, 28 de março de 2008

PERDOA-ME POR "ME" TRAÍRES! ( 1 )


"No meio da noite, ela começou a gemer enquanto dormia. Tomas acordou-a, mas, ao ver o rosto dele, ela disse com raiva: - Vá embora! Vá embora! - Depois ela contou-lhe seu sonho: estavam em algum lugar com Sabina. Num quarto enorme. No meio havia uma enorme cama, parecia o cenário de um teatro. Tomas ordenou que ela ficasse num canto enquanto fazia amor com Sabina. Ela olhava e esse espetáculo lhe causava um sofrimento insuportável. Para sufocar a dor da alma com uma dor física, enfiou agulhas sob as unhas. - Senti uma dor atroz - disse ela, apertando os pulsos como se as mãos tivessem sido machucadas.
Ele apertou-a contra si e lentamente, sem parar de tremer, ela adormeceu em seus braços.
No dia seguinte, pensando nesse sonho, Tomas lembrou-se de uma coisa. Abriu a escrivaninha e tirou um pacotes de cartas de Sabina. No fim de alguns momentos, deu com o seguintes trecho: "Gostaria de fazer amor com você no meu ateliê como se fosse no palco de um teatro. Haveria pessoas em torno de nós e elas não teriam o direito de se aproximar. Mas não poderiam tirar os olhos de cima de nós..."

... Censurou-a: Você mexeu em minhas cartas!
Sem tentar negar, ela disse: - Está bem! Me mande embora!
Mas ele não mandou. Ele a via ali enfiando agulhas sob as unhas, encostada na parede do ateliê de Sabina. Pegou seus dedos, acariciou-os, levou-os aos lábios e beijou-os como se houvesse neles sinais de sangue.

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RÊ BORDOSA

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