quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

LUTO VERMELHO: briguei, separei, fui ao cinema. Não entendi o filme...


Só quero esquecer. Dormir e amanhã lembrar menos."Colar" a casca na ferida. Não lembrar nem de bem, nem de mal. Perceber tudo como um sonho antigo, desfigurado. Miseravelmente sem valor, moeda velha.


[...] A nossa (separação) se colocaria da seguinte forma: o que acontece com os dinamismos psíquicos e as forças defensivas, quando a separação forçada e "súbita" dos amantes se efetua mediante um "esforço de vontade" e por "razões objetivas", no momento máximo e talvez aparentemente único das relações amorosas? A separação lenta que se segue ao "distanciamento mútuo" é um longo processo, comparável a uma doença crônica e caracterizado por uma fricção mútua que encontraria sua expressão social no divórcio. Em nosso caso, pelo contrário, trata-se mais de um doloroso processo abortivo no qual o verdadeiro "afastamento recíproco" e o esquecimento daí decorrente ocorrem somente depois que a desesperada separação se concretiza.


[...] " a separação é pior do que a morte porque significa, em vida, uma capitulação diante da morte." Quando a repressão não é muito profunda, os dois sabem que viverão um sofrimento horrível; mas também um sofrimento breve, pois sabem que cada qual irá esquecer o outro. Trata-se da presença da morte na e da consciência. Há uma sentença de morte recíproca. Na medida que a condenação se cumpre na própria consciência do outro, a sentença de morte do outro significa decretar a morte de si próprio. O outro morre em vida, mas morre dentro de mim.

... A sentença foi igualmente pronunciada em relação a mim; eu também morro na consciência do outro - e essa sensação será tanto mais intensa quanto mais possessivo for o amante que pede: "Não me esqueça, por favor!" Apesar de que ainda vivo em meu corpo, sou um cadáver no outro, naquele ser que me amou e a quem amei. Os dois seres não perderão a memória, é verdade;mas a "recordação" que ainda persiste tornou-se uma pequena múmia. O esquecimento é a primeira grande defesa contra a própria morte. Mas significa também um homicídio em nome da vida e o suicídio da consciência.

A Separação dos Amantes: Uma fenomenologia da morte

Caruso, Igor A. Ed. Cortez, 5 ed. 1989


As amigas solidárias concordaram comigo. Feia, a outra era feia. Conversei com ela, as amigas temeram pela sua aparente fragilidade. Mas se ele não estaria peocupado, porque eu, velha feminista corporativista, mas cansada e com vontade de fazer sexo... me preocuparia naquele momento. Fiquei pertinho da humilhação viva e não senti que aquela criatura tivesse sangue de animal quente. Perdi para o bicho do Kafka. O terapeuta me olha preocupadíssimo, com meus desejos assassinos. Lembre-se és devota de Santa Teresinha, adora distribuir rosas. Depois, bem gay ( é gay meu terapeuta), o amor é seu, meu bem. Não é dele. O perdão é seu, não é dele. Esqueça, esse ressentimento resseca a pele, faz mal a alma. Traz mal vibrações, diz a orientadora espírita, embaça sua intuíção para o trabalho no bem.

Sinto-me mais tranquila. O cadáver ainda não entrou em decomposição. Só aquele cheiro de flores de velório ainda não me saiu das narinas. Mas se pudesse apagar a memória, trocar de chips, mandar formatar novamente. Parar de sofrer, tão miseravelmente. É miserável nutrir sentimentos por certas pessoas. Porque é somente o que são e o que carregam do mundo e o que espalham: suas próprias misérias. Alguém que acredita em vida, beleza, felicidade, paz, harmonia mesmo não precisa passar por quaisquer coisa causada por estas pessoas. Elas trazem a dor em seus atos, pensamentos, palavras. Não dão chance a vida.

Nenhum comentário:

RÊ BORDOSA

RÊ BORDOSA
TUDO DE DOIDA!

Quem sou eu

Minha foto
Teresina, Nordeste...Piaui, Brazil