Prezada amiga. Não a conheço, imagino que está numa prisão não deve ser agradável. Perdoe-me se falo bobagens. Somente procuro palavras para ser solidária com sua situação. Repreenda-me meus erros.
Matar por amor... procuro não fazer julgamentos. Nada entendo de Direito e não tenho muito interesse, confesso. Desculpe, mais uma vez, se pareço egoista. Escrevo-lhe pela segunda vez atrás de entender uma faceta da alma humana, do comportamento humano civilizadamente construído em séculos de condicionamentos de regras morais, sociais, religiosas, etc.
Contastes-me sobre o dia do crime. Ele a havia deixado por outra, mais feia, mais rica, mais sorridente. Até então um casamento feliz para você. Doze anos? Ou mais? Sem filhos. Você mulher culta, pós graduada. Entre surpresa e sem acreditat naquela nova realidade. Casa de solteira novamente. Um homem maravilhoso na cama, foi embora sem uma briga. Cama vazia pelos primeiros três meses. Uma viagem poderia fazer bem. Mas antes de viajar, soube que a outra estava grávida. O próprio, imensamente feliz ligou para dar a notícia. Viajou e derramou mais lágrimas que o mar que via da janela do hotel. Compra uma arma naquela cidadezinha.
E durante a viagem breve de volta, quanto mais lembra da felicidade dele, mas vontade tem de matá-lo. Ele não verá o filho.
Diz que ainda o ama. Que quando sacou a arma num tiro certeiro no peito dele, morreu também pela segunda vez. A primeira foi quando ele anunciou a separação e o amor por outra pessoa. Como? Como? Ainda o ama e ainda não o perdoou. Diz-me que a prisão é um bom lugar para quem não quer viver. Nem sequer é um vegetal.
Não entendo... e nem tenho ou quero dizer palavras ocas.
Por favor, fique a vontade e continue a me escrever.
A amiga
Teresa Martins