terça-feira, 3 de novembro de 2009

SAUDADES DO AMOR

Maria da Conceição lembra vagamente de um vestido branco, uma roupinha da juventude, que se ajustava a sua cintura quando ainda era magra. Uma sandália preta de pelica bonita e confortável. E entre essas lembranças materiais há um romance da juventude. Uma saia preta com rosas vermelhas saindo como se pegassem fogo e uma blusa branca de organdi, amarradinha na cintura, por dentro da blusa um sutian-blusa de renda, numa transparência permitida apenas às mulheres muito jovens e mais outro romance e outros tantos perdidos na sua memória namoradeira.
Não, não sentia saudades destes homens com a nostalgia de amores perdidos. Não queria a nenhum deles de volta.Foram histórias que passaram, bem vividas, sorvidas até a última emoção.
Sentia saudades de um amor, que ainda era um ideal, em meio a algumas desilusões. Seu coração nesse momento é como uma terra fértil, naquele momento apenas estava seca, túmulo de plantas mortas, mas às primeiras gotas de chuva, floresceria novamente.
Estava feliz e calma. O sol inclemente dos últimos meses do ano no sertão cederiam espaço aos meses chuvosos de mais um início de ano. Seu coração iria parir novamente.
Um homem jovem bonito, com um imenso sorriso lhe causa medo. Pânico. Lembra da chuva aguardada. Mas ele é a própria tempestade. Fica quietinha dentro de casa, enquanto aquele deus do tempo, que faz chuva, vento, trovoadas como se brincasse, está lá fora para agarrá-la e fazê-la muito feliz. Está meio tonta, indecisa. A tonta.

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RÊ BORDOSA

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